O projeto tem início durante a visita feita ao lugar: uma praia na cidade de Berck, localizada no final de uma estrada chamada Chemin aux Raisins, aonde se encontra um pequeno clube náutico e um par de molhes e possui como paisagem vastas dunas de areia, o mar, um farol e, ao longe, uma grande construção do século XIX que abriga o Hospital Marítimo de Berck. O lugar é marcado sensorialmente pelo frio, vento e chuva constantes. O ponto de partida da exploração do lugar é a forte sensação da presença do divina, dada pela força da natureza que ali se apresenta no mar, nas dunas, no vento, no frio, na tempestade e direcionada pelo molhe em oposição à relativa fragilidade da presença humana e sua insistente demora, evidenciada através das suas obras, suas construções. O caráter do lugar é assim marcado pela dualidade entre divinos e mortais, alterando-se a relação de dominância entre ambos, ora em favor de um, ora em favor de outro. De um lado, o divino se encontra no mar, no céu, no horizonte, e os mortais estão na terra, demorando-se sobre ela junto às coisas.